quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Janela de Johari

A “JANELA DE JOHARI "

( Este texto é suporte para sua atividade " Auto Conhecimento" )

Um fator óbvio porém fundamental para compreender as “ Relações Interpessoais ”: · Nós reagimos ao outro de acordo com a forma como o percebemos. · O Outro reage a nós de acordo com a forma que nos percebe. Acontece que a “ percepção ” é algo muito além do que vemos, ouvimos ou tocamos. Pessoas diferentes percebem as mesmas coisas, nas mesmas condições de forma diferente porque os estímulos que recebemos são filtrados e interpretados por uma série de fatores internos. Por isto podemos perceber coisas, pessoas ou situações até de forma parecida ou similar às de outras pessoas, mas nunca iguais! As percepções sobre outras pessoas diferem, por exemplo: · Em razão do grau de informações – quantas vezes vivemos a experiência do “ você sabia que ela……… ”, ou “ que ele costuma frequentar… ” , ou ainda, “ sou formado em… ”, e passamos a criar ou mesmo mudar a imagem que tínhamos sobre alguém ? · Em razão das nossas experiências passadas, em particular da infância – como por exemplo professores, médicos, parentes, que marcaram algum modo sua relação conosco, positiva ou negativamente; · Por pré concepções - que também particularmente na nossa infância e adolescência podem nos terem sido inculcadas, com insistentes “ todo…. é… ”, ou “ toda … é….. ”, ou ainda “ ……sempre ….. ”. Também é quase inevitável que ao termos a informação de alguém é “ médico ” ou “ italiano ”, “ jogador de futebol ”, “ militar ” etc, não comecemos a atribuir-lhes “ a priori ” uma série de características. · Em razão do nosso estilo de ver e agir perante o mundo – podemos ter maior dificuldade para compreender ou aceitar o modo como vêem as coisas. Aqui já estamos falando das coisas mais familiares para quem passou pela reflexão sobre seu estilo pessoal. Em todo este jogo de percepções existem verdades e falsos pressupostos e, a questão fundamental é que isto pode não só levar a enganos ao entramos em relação com alguém – seja com expectativas negativas que não sejam reais, seja com positivas que levam a decepções – como também nós podemos não perceber que tipo de impressão ( e por consequência de reação ) causamos nos outros. Mais ainda, é comum nas relações que percebamos no outro fatores que geram desconforto e dificuldades e não apontemos, seja por “ educação ", seja por inibição ou, o que é mais comum, porque não existe abertura suficiente no relacionamento para faze-lo, e o mesmo ocorre com o outro em relação a nós. Com isto, possibilidades de melhoria tornam-se complicadas. Uma interessante ferramenta usada para compreendermos e melhorarmos nossas interações chama-se “ Janela de Johari ”. Ela aborda quatro situações possíveis em relação à forma como nos relacionamos ( e pode ser considerada fundamental nos processos chamados de “ AVALIAÇÃO 360 GRAUS ” ) . Estas situações são representadas por “ quadrantes ”, que mostramos abaixo em sua forma gráfica:

1. ÁREA ABERTA – Reúne todas as características das quais temos consciência e que também são percebidas pelos outros; 2. ÁREA OCULTA – Que reúne características das quais temos consciência e que ocultamos dos outros; 3. ÁREA CEGA – Que contém características nossas que os outros percebem e das quais não temos consciência; 4. ÁREA DESCONHECIDA – Que reúne as características inconscientes para nós e não percebidas por outros. QUAL É, ENTÃO, A ESTRATÉGIA PARA TORNARMOS AS RELAÇÕES MAIS EFETIVAS, DE ACORDO COM ESTA VISÃO ? 1. Permitir que o outro conheça sentimentos, idéias e percepções que tendemos a manter ocultas. É claro, que isto exige que tenhamos confiança no outro e, evidentemente, corramos o risco de expressar o que sentimos e pensamos. Aqui também vale o princípio de que não há crescimento sem risco. Veja o que ocorre com nossa “ janela ” nesta situação: 5. ÁREA ABERTA – Reúne todas as características das quais temos consciência e que também são percebidas pelos outros; 6. ÁREA OCULTA – Que reúne características das quais temos consciência e que ocultamos dos outros; 7. ÁREA CEGA – Que contém características nossas que os outros percebem e das quais não temos consciência; 8. ÁREA DESCONHECIDA – Que reúne as características inconscientes para nós e não percebidas por outros. QUAL É, ENTÃO, A ESTRATÉGIA PARA TORNARMOS AS RELAÇÕES MAIS EFETIVAS, DE ACORDO COM ESTA VISÃO ? 2. Permitir que o outro conheça sentimentos, idéias e percepções que tendemos a manter ocultas. É claro, que isto exige que tenhamos confiança no outro e, evidentemente, corramos o risco de expressar o que sentimos e pensamos. Aqui também vale o princípio de que não há crescimento sem risco. Veja o que ocorre com nossa “ janela ” nesta situação:

3. Pedir às pessoas que digam como o vêem, nas diversas situações, seja nas suas características positivas, seja naquelas que prejudicam seu relacionamento e que você poderia mudar. Neste caso é importante que tenhamos pessoas que nos conheçam relativamente bem e, sobretudo, que estejamos dispostos a ouvir, sem contestar ou justificar. Mesmo que não concordemos com uma afirmação de que sejamos “ assim ou assado ” devemos pensar sobre o que leva alguém a nos perceber de forma distorcida. Veja como ficaria a “ janela ” nesta situação:

Se ambas ações forem adotadas, o efeito pode ser interessante, pois até sua área desconhecida poderá ter sua área reduzida por “ insights ” produzidos no processo! A representação seria:

Bem, não é fácil, não é simples. Exige trabalho, exige um esforço psicológico ao qual não estamos habituados, tanto quanto um exercício físico necessário para que estejamos em forma ou desenvolvamos nossas capacidades, pode causar dor e desconforto. Também aqui, siga seu ritmo e suas possibilidades; não precisa forçar. Todo ganho será, acredite, gratificante e definitivo.

Exercício 1 - Inventário

Este texto o ajudará a interpretar os dados do seu “inventário de estilos” O assunto será debatido em nosso próximo encontro, quando esclareceremos com mais detalhe seu significado em nossa vida profissional. Lembre-se de duas coisas: 1. O material é apenas uma amostra de situações, uma aproximação da realidade pode dar “dicas” sobre suas tendências mas não é verdade absoluta – a verdade “verdadeira” encontra-se na sua história 2. Ninguém é uma coisa só. Portanto, veja a parte do texto que fala do seu maior resultado mas também aquela que “combina” os dois maiores e, se quizer, leia tudo e veja o que verdadeiramente fala sobre você. “TIPOS” QUE DESCREVEM TENDÊNCIAS NA FORMA DE OLHAR A REALIDADE E AGIR SOBRE ELA:
REFLEXIVOS Valorizam idéias, inovações, conceitos novos e originais que tenham implicações a longo prazo. Têm mente inquiridora e imaginativa em relação a desafios, seja para solucionar e identificar problemas, seja para busca de soluções a novos desafios. Captam facilmente teorias e apreciam a pesquisa intelectual. v Referencial de Tempo: Dirigidos para o futuro, comprometidos com mudanças e possibilidades a longo prazo.

REFLEXIVOS tendem a: Ø Analisar todos os acontecimentos e situações em termos do valor dos conceitos e das teorias aplicadas; Ø Serem tenazes em relação aos objetivos que estão alinhados com ações futuras; persistentes no trabalho de resolução de problemas. Procurando: Ø Lidar com abstrações - Orientar-se para o futuro - Examinar vários ângulos - Buscar cenários "Globais" v Pontos Fortes (uso correto do estilo): Idealista, inovador, conceitual, original, visão global e estratégica v Pontos fracos (uso inadequado do estilo): Auto centrado; pouco práticos; dogmáticos; fantasiosos; desligados; arrogantes. Reflexivos são vistos por não Reflexivos como: v Muito teóricos - Não realistas - Pouco práticos - Sonhadores - "Numa torre de marfim" - Professores distraídos - Relutantes em lidar com o presente - Indiferentes

Para se relacionar com um REFLEXIVO é indicado: Ø Fazer sínteses globais Ø Discutir “idéias” Ø Não se preocupar com tempo Ø Buscar implicações de longo prazo Ø Enfatizar pontos de inovação v O que “não fazer” Ø Não entrar em detalhes Ø Não ser muito pessoal Ø Não insistir em apresentações muito estruturadas Ø Não depreciar idéias dele Ø Não se apressar em concluir

OS “RACIONAIS” valorizam a verdade, os fatos, a lógica, a precaução. Têm uma abordagem detalhadamente analítica de situações e eventos; são orientados para procedimentos e processos; avaliam alternativas que levem a decisões e conclusões de ações. v Referencial de Tempo: Passado, presente e futuro, encadeados nessa ordem.

RACIONAIS tendem a ser: Ø Resistentes a mudanças nos métodos de trabalho - Rígidos quanto a políticas e procedimentos – Esmerados no trabalho, perfeccionistas – Pouco influenciados por emoções – Capazes de assimilar bem as pressões de trabalho – Exigentes consigo e com os outros. Procurando: Valorizar a lógica e a ordem - Várias alternativas - Exigir fatos, detalhes - Exigir organização v Pontos Fortes (uso correto do estilo): Objetividade - Capacidade de Análise - Prudência - Planejamento - Organização - Persistência, Compreensão. v Pontos Fracos (uso incorreto do estilo): Frieza - Lentidão para decidir - Pouco dinâmico - Controlador - Excessivamente sério e rígido.

RACIONAIS são vistos por não Racionais como; ° Indecisos - Cuidadosos - Impessoais - Minuciosos - Trabalhadores - Lentos para decidir - Sérios demais - Rígidos

Para se relacionar com um RACIONAL é indicado: Ø Agir organizadamente Ø Fornecer detalhes Ø Ser específico Ø Oferecer alternativas Ø Ser formal Ø Seguir sequências lógicas v que “não fazer” Ø Não generalizar Ø Não usar truques Ø Não perder a sequência cronológica Ø Não usar argumentos emocionais Ø Não desviar do assunto

OS “PRAGMÁTICOS” PRAGMÁTICOS são pessoas que valorizam a ação, os resultados e a certeza de que as coisas estão acontecendo. São reativos por natureza: colocada uma proposta ou um problema gostam de começar a realiza-las imediatamente, sem perder tempo com "planejamento" ou discussões sobre "organização e métodos". São impacientes e não conseguem ficar inativos, o que os leva a trabalharem em várias coisas ao mesmo tempo. São rápidos para decidir aceitando os riscos necessários com facilidade. Sob pressão tendem a "atropelar" os outros e os obstáculos, na ânsia de finalizar o que está fazendo. Referencial de tempo: Aqui e agora.

PRAGMÁTICOS tendem a ser: Ø Orientados para a tarefa - Decididos - Impacientes com os outros - Orientados para o "aqui e agora" Procurando: Ø Obter resultados - "Mandões" - Ensaio e erro para resolver problemas - Situações desafiadoras

PRAGMÁTICOS são vistos por não Pragmáticos como; v Maus planejadores - Rápidos no gatilho - Dominadores - Valorizando excessivamente o curto prazo - "Viciados em trabalho - Muito reativos - Pessoas que assumem muitos riscos - Geradores de crises

Para se relacionar com um PRAGMÁTICO é indicado: Ø Indicar o resultado esperado Ø Enfatizar os aspectos práticos Ø Usar modelos visuais (desenhos, maketes) Ø Ser breve O que “não fazer” Ø Não entrar em muitos detalhes Ø Não falar muito em conceitos Ø Não fazer rodeios Ø Não apresentar muitas alternativas para análise

OS “AFETIVOS" valorizam muita as interações humanas, as emoções, as motivações e os sentimentos. Gostam de situações onde possam lidar com outra pessoas, tanto profissional quanto socialmente. Frequentemente ficam observando as pessoas ao seu redor procurando "conhece-las". São bons manipuladores, persuasivos e convincentes pela sua capacidade de "empatia" quer ação tomada. Conseguem fazer com que o trabalho seja executado pela sua capacidade de envolver e empenho no espírito de equipe.

AFETIVOS tendem a ser: Ø Vistos como afetuosos - Persuasivos - Informais - Emotivos - Pouco atentos a detalhes v Procurando: Fazer com que gostem deles – Orientar-se pela tradição - Questionar suas próprias motivações - Interessar-se pelas pessoas

AFETIVOS são vistos por não Afetivos como; v Manipuladores - Políticos - Sentimentais - Suaves - Sensíveis - Pessoas que evitam tomar decisões duras - Pessoas que confiam no "sexto sentido"

Para se relacionar com um AFETIVO é indicado: Ø Incluir sempre o aspecto humano Ø Personalizar o contato, informalizar Ø Mencionar que a idéia é aprovada por outros Ø Proximidade física Ø Iniciar a conversa com um "quebra gelo" Ø Considerar O que “não fazer” Ø Não defender mudanças radicais Ø Não ser impessoal, formal abordagens relativas ao passado C

COMBINANDO ESTILOS Nós não agimos direcionados por um único estilo. Embora haja uma dominância, um estilo “secundário”, ou seja de menor intensidade mas próximo do principal, pode resultar em uma tendência que combina características de um e de outro. Veja as possibilidades: REFLEXIVOS / RACIONAIS Neste Caso, estamos falando de dois estilos cujos processos são “mentais”. Pode-se então supor que sua presença em níveis próximos indica pessoas que se sentem bem em trabalhos intelectuais, onde a visão de futuro, de conceitos, de conjunto etc. não exclui, mas pode se completar, com uma percepção de tendência mais analítica, planejada, ordenada e factual. Carreiras acadêmicas, cientistas, pesquisadores e especialistas em planejamento estratégico navegam bem nesta combinação. Pessoas com esta tendência devem estar atentas para não ignorar a realidade e pairar exageradamente no campo das idéias Parcerias, conselhos, assistência ou colaboração de pessoas com perfis mais pragmáticos e/ou afetivos poderão ser um ótimo complemento para “Reflexivos - Racionais”. RACIONAIS / PRAGMÁTICOS Neste Caso, estamos falando de dois estilos cujos processos são bastante voltados “para fora”, isto é, para fatos, ações, para coisas concretas. Sua presença em níveis próximos deveria, então, indicar perfis voltados à concretização, a trabalhos operacionais, ao planejamento tático, onde a noção de necessidades de recursos e da sua organização, da ordenação de ações (visão de processos) e de controle associa-se ao impulso para realizar, para fazer acontecer, para agir na transformação e obter resultados. Podemos pensar, então, que áreas operacionais, especialmente quando voltadas para produtos (resultados tangíveis) formam um campo de trabalho interessante para esta combinação. Pessoas com esta combinação devem estar atentas para não se fixar no fazer excessivo (eficiência), perdendo a visão de longo prazo e as consequências do seu fazer para as pessoas, tanto liderados quanto usuários do que produzem. Podem também ter dificuldades para enfrentar transformações de rotinas. Parcerias, conselhos, assistência ou colaboração de pessoas com perfis mais Afetivos e/ou Reflexivos poderão ser um ótimo complemento para “Racionais – Pragmáticos”. PRAGMÁTICOS / AFETIVOS Neste caso, estamos falando de dois estilos cujos processos ocorrem principalmente no nível corporal. Ação (músculos, coração, sentidos) e, emoções e sentimentos estariam juntos nesta combinação Podemos então imaginar que todo o tipo de atividades de campo voltadas para resultados para pessoas e que dependam de interações entre pessoas, ou seja, associem a energia voltada ao fazer com a empatia e, seriam adequadas a este perfil. Exemplos: professores de primeiro grau ou pré escola, psicólogos, vendedores não técnicos, enfermeiros, taxistas, costureiros, dentistas, pediatras, ginecologistas. Pessoas com este perfil poderão ter dificuldades por descuidar de aspectos ligados a planejamento e organização, agindo mais por impulso e intuição, sem objetivos ou fundamentos claros para o que fazem. Parcerias, conselhos, assistência ou colaboração de pessoas com perfis Racionais e/ou Reflexivos poderão ser um ótimo complemento para “Pragmáticos - Afetivos’” AFETIVOS / REFLEXIVOS . Neste Caso, estamos falando de dois estilos cujos processos são bastante voltados “para dentro”, isto é, para experiências internas, como intuições, "insights”, fantasias, reflexões, criatividade, conceituação e sentimentos Sua presença em níveis próximos deveria, então, indicar perfis voltados à criatividade em áreas voltadas a pessoas ou grupos, ligadas a planos estratégias sociais e comunitários, comunicação social, marketing estratégico, preservação do meio ambiente e qualidade de vida, sociologia e política, onde a reflexão e visão holística e futurista associa-se à preocupação e desejo de trabalhar para benefício de pessoas e comunidades. Podemos pensar, então, que áreas estratégicas e de criação quando voltadas para mobilização social (resultados comportamentais) formam um campo de trabalho interessante para esta combinação. Pessoas com este perfil poderão ter dificuldades por descuidar de aspectos práticos, ligados a planejamento e organização, custos e necessidade de recursos, trabalhando em nível de utopia e / ou sem continuidade nos seus planos Parcerias, conselhos, assistência ou colaboração de pessoas com perfis Racionais e/ou Reflexivos poderão ser um ótimo complemento para “Pragmáticos - Afetivos’” OUTRAS ALTERNATIVAS Existem ainda três outras alternativas, mas é importante que você observe se existe uma diferença significativa de pontuações entra cada item para considerar que é um dos padrões apresentados. Vale ressaltar mais uma vez que o exercício forneceu “modelos”; você e sua história é quem dirão sua maneira de interagir, em situações normais e em situações de pressão.. REFLEXIVO- PRAGMÁTICO: é uma combinação em princípio conflitiva, pois pelo que você já deve ter visto nos modelos puros, um é “idéia”, outro é “ação”; um é “futuro”, outro é “aqui e agora” e daí para a frente. Na verdade, podemos olha-los como tipos complementares. Santos Dumond foi um sonhador que fabricava suas invenções. A questão é ter-se consciência da presença dos dois focos como fortes e saber utiliza-los no momento correto. Um risco: partir para a ação sem planejar (um pouquinho de “racional”) e avaliar as consequências para pessoas (um pouquinho do “afetivo”) RACIONAL – AFETIVO: é também teoricamente conflitiva; um trabalha com “fatos”, o outro com “intuições”; um é “cartesiano”, “organizado”, outro é “desorganizado”, “impulsivo” e, talvez a mais crítica, um tende a ser frio e objetivo, outro tende a ser emocional e protetor. Da mesma forma que o anterior, ter consciência de que a ambivalência existe é fundamental, para saber em que momento deve-se agir orientado por uma ou outra tendência. Existe a hora para proteger como também a de determinar os caminhos. Um bom Cirurgião sabe a hora em que é necessário cortar para salvar uma vida. O bom pai sabe a hora do estabelecer limites e atribuir responsabilidades.

Estilos e Interações - Uma breve Conversa

ESTILOS E INTERAÇÕES: UMA BREVE CONVERSA
Marco Antonio Salomão

Este texto poderia ter pelo menos quatro tipos possíveis de introdução.Veja qual delas teria maior possibilidade de atrair sua atenção. Talvez seja interessante verificar também aquela que menos despertaria seu interesse.São:1. "Vamos apresentar a você dicas e formas simples e objetivas para obter resultados mais positivos em suas relações interpessoais.Comece por ..."2. "A efetividade nas relações interpessoais é obtida quando se tem clareza e objetividade na definição dos seguintes pontos:Ø Uma idéia clara do que pretendemosØ Uma boa preparação da nossa argumentaçãoØ Um plano preciso para ..."3. "A importância das relações interpessoais para a vida e o desenvolvimento das pessoas e organizações têm sido historicamente subestimada, exceto por setores onde é uma condição "sine qua non", como na diplomacia.Seja por vaidade, seja porque em nossa educação o foco é sempre na "auto referência" e raramente..."4. "Se considerarmos que o verdadeiro sentido de humanidade só pode ser obtido se compreensão, solidariedade, colaboração e harmonia forem mais do que palavras, é importante pensar no processo mais importante para que ocorram: a efetiva, correta e positiva e bem intencionada forma das pessoas se relacionarem.As pessoas..."Bem, já fez sua escolha?Eu, para escrever este texto, não consegui escolher uma forma com tranquilidade por uma razão simples: se escrevesse pela minha preferência, correria o risco de não ser lido por muita gente... Estaria falando a minha língua, e não a de quem precisa compreender, o seja "a sua língua".E este modo de falar e compreender e, portanto, interagir com pessoas durante o processo de relacionamento depende do nosso "Estilo", ou seja, a nossa forma preferencial de "ver", tentar "compreender", "pensar" e "agir" frente à realidade."Estilo" pode ser confundido com algumas coisas que prejudicam a clareza da sua compreensão e a forma sobre como podemos utilizá-lo adequadamente. Vejamos:* "Estilo" é diferente de "Competência". Competência é o "saber fazer", resulta de habilidades e conhecimentos que ajudam a desenvolver e aplicar soluções. Enquanto para a competências vale o conceito "quanto mais forte melhor", para "Estilos" o ser "mais" não necessariamente é benéfico ou maléfico.Para deixar mais clara a diferença: Uma pessoa "Racional" (um dos estilos utilizados em nosso trabalho) não é necessariamente boa em raciocínio lógico: apenas procura raciocinar lógica e ordenadamente. Certamente você já se deparou com um "burocrata" empedernido que exige ordem, rigor e planejamento sem a menor percepção da contribuição ou consequência do que obriga.* "Estilo" não tem a ver com "Ética" e "Valores". Um "Reflexivo" (outro estilo utilizado por nós) com visão de futuro e construtor de grandes sistemas tanto pode ser um Gandhi quanto um Hitler. Um bom "Afetivo" tanto pode usar sua empatia para ser um excelente pediatra quanto um político corrupto ou um vigarista.* Não existe um "Estilo melhor"; todos são importantes. A diversidade pode ser um grande fator enriquecedor quando adequadamente trabalhada. Precisamos de sonhadores teóricos, que vislumbram o futuro, capazes de estabelecer relações de unificação e harmonização de coisas diferentes, produzindo novos conceitos e novas formas de conhecer nosso universo e a nós mesmos. Precisamos também de gente capaz de analisar estes sonhos e idéias, verificar sua viabilidade ou veracidade, criar meios e processos para que ocorram e modos de verificar como caminham. Precisamos ainda do empreendedor que coloca estes planos em prática, que aterrizam sonhos e os transformam em realidade. E, finalmente, precisamos também daqueles que buscam a humanização e o compartilhamento de tudo isto para as pessoas, grupos e sociedade e que também percebem a necessidade de se fazer algo novo ou de modificar o existente para que isto ocorra..A questão se coloca então na forma como utilizamos o estilo. Se insistirmos em utilizar um estilo porque nos agrada ou é nossa tendência em situações onde outro é mais produtivo, estaremos apenas criando conflitos e dificuldades. Se fizermos um esforço para agir de forma diferente da nossa habitual e/ou apoiamos quem se ajusta melhor a uma situação e momento, estaremos propiciando a sinergia, a harmonia e seguramente a inter-relação produtiva.Mas, o nosso assunto aqui é como obter "Relações Interpessoais" adequadas e produtivas. Para isto, precisamos lembrar que temos no mínimo duas pessoas presentes e algumas hipóteses:
* Ambas têm o mesmo estilo – neste caso, há uma grande possibilidade de harmonia no entendimento (mesmo que haja conflito nas idéias). A saída pode ser ótima se a situação exigir o Estilo comum ou.... um desastre se o estilo adequado for outro. Temos que ter presente que ignorar aquela que não é nossa maneira de agir e/ou não gostamos de praticar pode constituir-se em um fatal ponto fraco.* Ambas têm estilos diferentes – aqui, se houver complementaridade e harmonia na conjugação dos estilos, temos a possibilidade de uma solução mais rica e consistente do que se partisse de apenas um. Por outro lado, se entrarmos em um jogo "ganha/perde" para fazer prevalecer nosso modo, ou ficarmos "cegos" às propostas do outro, podemos ter soluções pobres, conflitos e desgastes emocionais.Em todo caso, quando somos apenas dois, é preciso que vejamos se não falta um estilo importante... Por exemplo, um "Racional" junto com um "Reflexivo" podem ter uma excelente idéia, com um ótimo planejamento e nenhuma ação para realizá-la ou, ainda, que não traga impacto desejável para as pessoas.Finalmente, entendendo que todos os tipos são importantes, devemos ter presente que a melhor forma de introduzir e conduzir um assunto positivamente, é faze-lo do ponto de vista do "outro", compreendendo seu estilo, dialogando e argumentando da forma que ele entende melhor.Bem, tomara que de alguma forma este texto tenha "falado sua língua"......

Texto Inaugural

Nota preliminar do poema Mensagem

O entendimento dos símbolos e dos rituais (simbólicos) exige do intérprete que possua cinco qualidades ou condições, sem as quais os símbolos serão para ele mortos, e ele um morto para eles.A primeira é a simpatia; não direi a primeira em tempo, mas a primeira conforme vou citando, e cito por graus de simplicidade. Tem o intérprete que sentir simpatia pelo símbolo que se propõe interpretar.A segunda é a intuição. A simpatia pode auxiliá-la, se ela já existe, porém não criá-la. Por intuição se entende aquela espécie de entendimento com que se sente o que está além do símbolo, sem que se veja.A terceira é a inteligência. A inteligência analisa, decompõe, reconstrói noutro nível o símbolo; tem, porém, que fazê-lo depois que, no fundo, é tudo o mesmo. Não direi erudição, como poderia no exame dos símbolos, é o de relacionar no alto o que está de acordo com a relação que está embaixo. Não poderá fazer isto se a simpatia não tiver lembrado essa relação, se a intuição a não tiver estabelecido. Então a inteligência, de discursiva que naturalmente é, se tornará analógica, e o símbolo poderá ser interpretado.A quarta é a compreensão, entendendo por esta palavra o conhecimento de outras matérias, que permitam que o símbolo seja iluminado por várias luzes, relacionado com vários outros símbolos, pois que, no fundo, é tudo o mesmo. Não direi erudição, como poderia ter dito, pois a erudição é uma soma; nem direi cultura, pois a cultura é uma síntese; e a compreensão é uma vida. Assim certos símbolos não podem ser bem entendidos se não houver antes, ou no mesmo tempo, o entendimento de símbolos diferentes.A quinta é a menos definível. Direi talvez, falando a uns, que é a graça, falando a outros, que é a mão do Superior Incógnito, falando a terceiros, que é o Conhecimento e a Conversação do Santo Anjo da Guarda, entendendo cada uma destas coisas, que são a mesma da maneira como as entendem aqueles que delas usam, falando ou escrevendo.Fernando Pessoa